domingo, 18 de agosto de 2013

Entrevista com o Procurador Sidney Madruga: um especialista em Direito tratando de diversos assuntos importantes para todos nós.

É com alegria em meu coração que hoje eu compartilho com vocês a entrevista que eu realizei com o Procurador Sidney Madruga, pessoa simples, atenciosa, profissional que realiza seu trabalho com amor e autor desse magnífico livro. 

Nessa entrevista ele conta um pouco sobre seu livro, sobre a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência, enfim trata-se de uma entrevista com um especialista em Direito tratando de diversos assuntos importantes para todos nós.
Confira na íntegra!

Nome: Sidney Madruga
Cidade/Estado em que mora: Salvador, Bahia
Formação acadêmica: Graduado pela UFRJ; Mestre em Direito Público pela UFBA e Doutor em Direitos Humanos pela Universidad Pablo de Olavide, Sevilha, Espanha
Atuação profissional: Procurador da República e Procurador Regional Eleitoral

O que te levou a escolher o curso de Direito?
A minha paixão por leitura e por acreditar que no Ministério Público (Federal) eu poderia, de alguma forma, contribuir com o meu trabalho para a proteção das minorias e o combate intransigente contra os corruptos e malfeitores, dentre outras causas.

Desde quando e por que passou a dedicar uma “atenção diferenciada” ao universo das pessoas com deficiência
Ingressei no Ministério Público Federal em 1997, mas antes trabalhava como analista judiciário na Justiça Federal do Rio de Janeiro e tinha como assistente uma pessoa com deficiências severas e maravilhosa (Victória Araújo), com quem estabeleci uma amizade e cumplicidade únicas. No MPF em 2002 assumi, por três mandatos consecutivos, o ofício de Procurador Regional dos Direitos do Cidadão (PRDC), que se pode dizer que é o único Procurador da República em cada Estado responsável pela área de cidadania e direitos humanos. Nesses seis anos como PRDC na Bahia me aproximei, por iniciativa própria e por devoção profissional, desse universo, das pessoas com deficiência e pude, modestamente, trabalhar em seu prol, como por exemplo, ao ingressar judicialmente com a primeira ação civil pública que garantiu um vestibular diferenciado e específico para as pessoas surdas, numa universidade federal do nordeste; outra ação que garantiu a continuidade de fornecimento, pelo INSS – que então buscava desvencilhar-se dessa tarefa, delegando-a ao SUS, em total descumprimento à lei – de órteses e próteses aos aposentados com deficiência do INSS; a implantação de rampas, banheiros, elevadores, etc., no prédio da faculdade de medicina da UFBA; a salvação da vida de uma criança com síndrome de Down, dentre outras várias inciativas, parte delas que ora retrato no novo meu livro dedicado a esse universo, que me traz luz e felicidade!

Vimos que lançou há pouco tempo o livro “Pessoas Com Deficiência e Direitos Humanos - Ótica da Diferença e Ações Afirmativas”. Quais assuntos especificamente são tratados nesta obra? Para qual público esse livro é direcionado?
Bem em 2004 concluí meu Mestrado na UFBA e em 2005 lancei um livro que deu uma repercussão muito boa, apesar das dificuldades de sua distribuição: DISCRIMINAÇÃO POSITIVA: ações afirmativas na realidade brasileira. Nesse livro, fruto da minha dissertação de Mestrado, que me rendeu grau máximo de aprovação com louvor, eu dei início a uma discussão, à época, muito incipiente no nosso país, pois se falava muito das ações afirmativas nos EUA e pouco se enfrentava e se discutia abertamente sobre as cotas raciais e sociais que começavam a ser implantadas em algumas universidades públicas, sobre o significado, conteúdo e necessidade de aplicação e políticas afirmativas no Brasil. Posteriormente, licencie-me para estudos no exterior e em Sevilha Espanha pude me dedicar mais especificamente à realidade das pessoas com deficiência e o seu contexto no direito europeu, além das perspectivas valorosas que se apresentam com a Convenção da ONU, que trata profundamente do assunto, mas partindo de uma teoria crítica, voltada à prática e não a mera e repetitiva retórica, de direitos humanos. A tese de doutorado, aprovada em 2011, igualmente recebeu grau máximo no âmbito das universidades europeias (cum laude por unanimidad). De volta ao Brasil, procurei atualiza-la e direciona-la a todo o universo de pessoas, mediante uma linguagem acessível e de fácil compreensão. Ao final, para que os leitores possam ter uma ideia do conteúdo do livro, trago, em resumo, os capítulos e subtítulos do livro, cujo lançamento aconteceu dia 15 de agosto de 2013, na livraria Saraiva no Shopping Salvador/BA.

Fale um pouco sobre a Convenção dos Direitos da Pessoa com Deficiência.  Abordando o que significa o fato do Brasil tê-la aprovado com status de emenda constitucional e quais os principais direitos presentes nesse diploma legal.
A convenção da ONU é um instrumento jurídico fabuloso, que aborda a deficiência como uma questão de direitos humanos e, paralelamente, traz medidas de ações afirmativas destinadas à inclusão ampla e irrestrita das pessoas com deficiência, mas muito pouco aplicada e debatida no Brasil e em outros países. Faço um estudo aprofundado dos seus principais institutos, que ainda não despertaram a atenção merecida dos órgãos governamentais, etc. A adaptação razoável, o desenho universal, dentre outras matérias, são assuntos que precisam ser mais bem compreendidos e postos em prática.

Considerando que ainda não vivemos em um país completamente acessível, mas que possui uma legislação farta de direitos nesse sentido peço que deixe uma mensagem para os leitores deste blog, que em sua maioria são pessoas com deficiência.
Nosso país possui uma boa legislação nesse aspecto, mas inaplicável na prática e que não adentra na questão, repito, da pessoa com deficiência como sujeito de direitos, de direitos humanos e que, ainda assim, não é devidamente observada pelos Poderes Públicos. No livro, faço essa ressalva, isto é, não me dediquei a analisar a legislação brasileira, mas sim escrever sobre outras perspectivas de práxis jurídica, antropológica, psicológica, universal, que devemos nos ater para sairmos de um status quo de estagnação e conformidade e partimos para uma dignificação, autonomia, isonomia real da pessoa humana com deficiência e buscar garantir em definitivo seus direitos fundamentais e inalienáveis à acessibilidade, transporte, educação, saúde, cultura, dentre muitos outros.

Confira os capítulos e subtítulos do livro Pessoas com deficiência e Direitos Humanos: ótica da diferença e ações afirmativas:


CAPÍTULO 1 – DIREITOS HUMANOS E PESSOAS COM DEFICIÊNCIA: UMA ABORDAGEM CENTRADA NO SUJEITO DE DIREITOS
1.1 Uma nomenclatura desprovida de preconceitos
1.2 Pobreza, exclusão e deficiência: a realidade do mercado global
1.3 Deficiência e exclusão social: correlação em números
1.4. A deficiência como uma questão de direitos humanos: o modelo social e a crítica feminista
1.5 A teoria crítica dos direitos humanos. Direitos humanos como produtos culturais e processos de luta por dignidade
1.5.1 Os novos atores sociais e a insuficiência do enfoque jurídico. A riqueza humana como critério de valor
CAPÍTULO 2 – A ÓTICA DA DIFERENÇA: UMA NOVA PERSPECTIVA DE DIREITOS HUMANOS
2.1 Uma perspectiva nova, integradora, crítica e contextualizada de direitos humanos
2.2 O enfoque do diálogo intercultural na linguagem dos direitos
2.3 Os valores da dignidade, autonomia, solidariedade e igualdade na órbita da deficiência. Igualdade de oportunidades, reconhecimento da diferença e não discriminação
2.3.1 A dignidade dos excluídos
2.3.2 A autonomia integrada à dignidade humana
2.3.3 Solidariedade num mundo de valores individuais2.3.4 Igualdade na diferença
2.3.4.1 Igualdade de oportunidades
2.3.4.2 O reconhecimento da diferença: gênero e deficiência como um signo bidimensional
2.3.5 A não discriminação
CAPÍTULO 3 – AÇÕES AFIRMATIVAS COMO UM INSTRUMENTO DE DIREITOS HUMANOS
3.1 A historicidade das ações afirmativas: precedentes normativos e judiciais na experiência norte-americana
3.2 Conceitos e terminologias. A não temporariedade das ações afirmativas
3.2.1 Ação afirmativa e ação positiva
3.2.2 Discriminação positiva e discriminação inversa
3.2.3 Cotas e metas
3.3 Acepções e imprecisões terminológicas no Sistema Internacional, Comunidade Europeia, Espanha e Brasil
3.4 Elementos e natureza jurídica das ações afirmativas
3.4.1 A ação afirmativa no combate às relações sociais de subordinação
CAPÍTULO 4 – AÇÕES AFIRMATIVAS NO ORDENAMENTO JURÍDICO-CONSTITUCIONAL BRASILEIRO E ESPANHOL EM MATÉRIA DE DEFICIÊNCIA
4.1 A Constituição do Brasil e a pessoa com deficiência
4.2 As ações afirmativas perante o ordenamento constitucional brasileiro
4.3 A Constituição da Espanha e a pessoa com deficiência
4.4 As ações afirmativas perante o ordenamento constitucional espanhol
CAPÍTULO 5 – A CONVENÇÃO DA ONU, A LEI ESPANHOLA E AS INICIATIVAS DO MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL NO BRASIL: INSTRUMENTAIS JURÍDICOS EM FAVOR DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
5.1 A Convenção da ONU sobre os Direitos das Pessoas com Deficiência e a Lei espanhola n. 51/2003, de igualdade de oportunidades, não discriminação e acessibilidade universal: marcos jurídicos na luta pela dignidade humana
5.1.1 A Convenção da ONU: aspectos relevantes
5.1.2 A adaptação razoável e o desenho universal: ferramentas de direitos humanos para a plena acessibilidade
5.1.3 A Lei espanhola n. 51/2003, de igualdade de oportunidades, não discriminação e acessibilidade universal das pessoas com deficiência
5.1.4 A normalização, o diálogo civil e a transversalidade: princípios inspiradores da legislação espanhola
5.2 O reconhecimento judicial e extrajudicial de direitos humanos das pessoas com deficiência, a partir das iniciativas do Ministério Público Federal no Brasil
5.2.1 Mecanismos e formas de atuação do Parquet
5.2.2 Algumas “deficiências” do Ministério Público na defesa das pessoas com deficiência. O hiperdimensionamento do princípio da independência funcional e os males da cultura jurídica dominante
5.3 A práxis jurídica na tutela das pessoas com deficiência: experiências do autor no âmbito do Ministério Público Federal
5.3.1 Direito à educação para surdos no ensino superior: uma realidade no Estado da Bahia
5.3.2 Uma criança com Síndrome de Down: o direito à vida
5.3.3 Direito à acessibilidade à Faculdade de Medicina


Obs.:
II) envie um e-mail para o autor: smadruga2@gmail.com
III) ou o procure no Facebook: Sidney Madruga

 Em nome do Diretoria Eficiente e dos leitores deste blog, eu agradeço ao Senhor Procurador Sidney Madruga pela importantíssima participação e incomparável colaboração.

Você leitor, gostou? Comente!

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