Há alguns meses recebi pelos Correios a cópia de uma reportagem da revista Marie Claire com o título: "Mexo só um dedo, mas virei escritora", a matéria contava um pouco da história de Luciana Scotti, não sou de chorar, mas me emocionei... No mesmo dia procurei e encontrei ela no Facebook e começamos a nos falar... Hoje trago para vocês a entrevista que realizei com ela, você não pode deixar de ler e compartilhar, ela nos leva a realizar grandes reflexões, relacionadas ao mercado de trabalho, a como enxergamos nossos problemas, enfim, super recomendo a leitura dessa rica matéria!
Sempre muito gentil e por saber que o foco principal do Diretoria é o "universo das pessoas com deficiência", Luciana nos cedeu dois dos seus livros, em , para sortearmos entre nossos leitores! Saiba como participar ao final dessa maravilhosa entrevista. Boa leitura ;)
Nome: Luciana Scotti
Cidade/Estado em que mora: João Pessoa, PB
Estado civil/filhos: Solteira, sem filhos
Conte um pouco sobre como era sua vida antes de ser uma pessoa com
deficiência: Eu era uma jovem bonita, alegre e sociável. Tinha acabado de me formar
em Farmácia-USP, trabalhava numa multinacional como cosmetóloga, tinha muitos
amigos, era muito ‘baladeira’, viajava, malhava, namorava...Enfim, uma jovem
ativa, de classe média.
O que aconteceu que fez com que se tornasse uma pessoa com deficiência: Eu tinha enxaquecas frequentes, isso porque tomava pílulas
anticoncepcionais e ás vezes fumava. Reclamei com a minha ginecologista, que
achou ‘normal’’. Há vinte anos atrás não se comentava nada, hoje em dia ainda
se escuta alguma notícia sobre esses fatores, alertando que são uma mistura
explosiva, indicando um provável AVC. E foi o que me aconteceu, no dia 2 de
maio de 1994 tive uma trombose cerebral, AVC isquêmico. Depois fiquei 3 meses
em hospitais, fiz duas cirurgias no cérebro, fiquei 2 meses em coma e recebi
alta sem movimentos, sem fala, de fraldas e com sonda para me alimentar.
No início quais eram suas maiores dificuldades e/ou o que mais te
deixava triste? No começo tudo era muito difícil. Eu não tinha movimento algum e me
comunicava com o bater das pálpebras. Vivi assim quase 3 anos, assistindo
passivamente na cama hospitalar do meu quarto o distanciamento dos amigos, a
frieza da multinacional, a perda do namorado, a impossibilidade de interagir na
sociedade, a incapacidade de me cuidar, e tantas outras coisas que a gente só
percebe quando não pode fazer. O que mais me deixava triste era esse estado de
inércia, ver as pessoas mudarem, as coisas acontecerem e não poder fazer nada.
Você trabalha? Estuda? Pratica esporte? Fale para nós um pouco sobre sua
rotina atual. Aos poucos as coisas foram mudando: comecei mexer a mão, depois o braço,
saí da cama e ficava na cadeira, me comunicava apontando as letras, publiquei
meu primeiro livro, conheci a internet, voltei a estudar e fiz mestrado, publiquei
outro livro, depois outro, parti pro doutorado, aprendi a fazer pesquisas no computador
com modelagem molecular, continuei no pós doutorado, viajava em congressos,
escrevi artigos científicos...Hoje trabalho sim, estou no quinto ano de pós
doutorado e faço pesquisas com o computador, estou ligada ao CNPq e a Universidade Federal da Paraíba (pra onde me mudei).
Não tenho muita rotina. Durmo tarde, 23h, 24h, 1h. Dependendo do
trabalho, acordo cedo, 6h ou 7h. E quase sempre coloco o biquíni, amo tomar
sol. Depois de uma hora de sol, tomo banho, vou para frente do computador e
trabalho até cansar, até acabar o que preciso.... No meio da tarde paro, malho,
e faço alongamentos com os aparelhos de
fitness que coloquei no meu quarto e com as minhas ajudantes. Mas as atividades do meu dia dependem da
necessidade, por exemplo, se tenho muito trabalho, posso não malhar e ficar no
computador até de madrugada; se tenho menos coisas a fazer, tomo mais sol.
Você já publicou três livros, certo? Fale um pouco sobre eles, como foi
escrevê-los, a reposta que obteve dos leitores, pretende escrever outros? Como disse, vivi anos numa cama hospitalar. Chorei, revivi todo meu
passado, procurei culpas e culpados e pensei: morri, acabou tudo!
Enquanto chorava e relembrava o passado, fui escrevendo meus
pensamentos, com o movimento de um dedo-que até hoje é que me permite
escrever!! Daí resultou meu primeiro livro: Sem asas ao amanhecer.
Mas publicá-lo não foi tão simples, eu não tinha movimentos, nem fala, tinha
apenas a vontade e o sonho. Os poucos e verdadeiros amigos que permaneceram do
meu lado, e a família, me ajudaram. E assim publiquei este livro, que hoje está
na décima primeira edição. Depois comecei meu primeiro noivado (fiquei noiva
duas vezes) e escrevi outro livro chamado A doce sinfonia de seu silêncio. Quando
fiz mestrado na USP; publiquei um livro científico sobre cosméticos
antienvelhecimento.
Talvez um dia volte a escrever livros, mas hoje dedico meu tempo
exclusivamente às minhas pesquisas e gostaria de continuar trabalhando como
pesquisadora.
Quais seus planos para o futuro? Meu futuro é incerto e bem triste. Faço pesquisas, apresento trabalhos
em congressos, ganho prêmios, publico artigos e capítulos científicos, sou
revisora de quase 20 periódicos, escrevo 4 línguas... Dentro da comunidade científica
essas conquistas são admiráveis, mesmo pra quem não possui limites físicos. Vc
não acha uma injustiça social e uma burrice não aproveitarem minha mão de obra
especializada? Esse é meu sonho, ter um emprego na faculdade. Muitos colegas,
com curriculo e produtividade inferior, prestam concurso e passam. Eu nem posso
prestar concurso na faculdade, porque não falo. Pensam apenas em dar
aulas...mas poderia ter vagas para pesquisadores, né? Algum trabalho que
aproveite minha cultura! Depois dizem q os deficientes físicos não têm emprego,
por serem poucos especializados. E eu???????????????????
Veja o currículo de Luciana Scotti CLIQUE AQUI
Veja o currículo de Luciana Scotti CLIQUE AQUI
Considerando que alguns leitores do Blog são pessoas com deficiência e
que você já passou por muitas lutas, mas também por grandes vitórias
gostaríamos que deixasse uma mensagem a esses leitores. Eu acho que problemas são grandes ou pequenos e seu tamanho só depende da
cabeça de quem os têm. Você pode chorar a vida inteira por seu romance acabado,
por uma doença, por sua tetraplegia ou parar de chorar e começar viver. A opção
é só sua!
Mais um pouco sobre Luciana
Em 1998, quando lançou a 1ª edição de seu primeiro livro o "Sem asas ao amanhecer", Luciana participou do quadro História da vida real do Programa Xuxa Park na Rede Globo você pode assistir CLICANDO AQUI
Quer ganhar um ou quem sabe até os dois livros da Luciana?
Para concorrer ao livro Sem asas ao amanhecer CLIQUE AQUI siga as instruções.
Vejam algumas fotos do arquivo pessoal de Luciana Scotti
Luciana Scott o Diretoria Eficiente agradece imensamente a oportunidade de contar sua história para o mundo e também por poder presentear dois leitores com seus livros! Sucesso, força, paz e felicidades é o que nossa equipe te deseja!
Leitor: Se você gostou, comente e compartilhe!
Mais um pouco sobre Luciana
Em 1998, quando lançou a 1ª edição de seu primeiro livro o "Sem asas ao amanhecer", Luciana participou do quadro História da vida real do Programa Xuxa Park na Rede Globo você pode assistir CLICANDO AQUI
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Luciana Scott o Diretoria Eficiente agradece imensamente a oportunidade de contar sua história para o mundo e também por poder presentear dois leitores com seus livros! Sucesso, força, paz e felicidades é o que nossa equipe te deseja!
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1 comentários:
Não sei o porquê, mas estava estudando e me lembrei da participação dela na Xuxa. Gente! Estou me sentindo um liquidificador de emoções. Ela fez uma limonda deliciosa da vida. Menina... vc é linda! Inteligente! Maravilhosa! Sou sua fã!
Regina Claudia - DF
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